Refeição associada às tradições fúnebres da freguesia. Servia-se habitualmente no almoço que procedia o enterro. O prato era confecionado em potes de ferro por algumas mulheres na cozinha da casa contígua à do(a) falecido(a), cedida para o efeito. As senhoras que ajudavam na preparação do corpo não podiam participar na confeção da comida. CONTEXTUALIZAÇÃO A solidariedade entre as gentes da terra sentia-se nos tempos de trabalho, nos momentos de lazer, mas, sobretudo, nas ocasiões de perda. O luto na Boalhosa fazia-se em comunidade. Quando alguém falecia, o vizinho cedia a cozinha para que algumas mulheres da freguesia pudessem preparar alimentos para conforto daqueles que velavam o corpo noite dentro. Coziam pão em quantidade suficiente – o bolo de porta aberta - que serviam acompanhado de bagaço e de vinho do Porto. Já de madrugada, voltavam à casa para distribuir bolachas e café. No dia seguinte, após o funeral, confecionavam o almoço que se compunha de bacalhau cozido com batatas e arroz malandrinho. As mulheres que ajudavam a preparar o corpo para o enterro estavam impedidas, por superstição, de entrar na cozinha. Por seu turno, na missa de sétimo dia era costume distribuir-se dinheiro ou milho pelas pessoas mais carenciadas pela alma dos defuntos.
Comece por cozer as postas de bacalhau e as batatas separadamente.
Entretanto, prepare um refogado com cebola, alho e azeite e adicione os rabos de bacalhau atados com um fio.
Deixe apurar, retire o bacalhau e acrescente o arroz e a água.
Retifique o tempero.
Sirva o arroz malandrinho juntamente com as travessas de bacalhau e de batatas cozidas.
Maria Gomes Gonçalves e Alzira Gomes de Sousa, 82 e 76 anos, respetivamente, agricultoras reformadas
Prato associado aos funerais da Boalhosa. O mesmo costume estendia-se, por exemplo, à freguesia de Fojo Lobal.